Construção e sustentabilidade
Nos últimos anos, a expansão urbana e industrial humana e o uso desenfreado de recursos naturais têm causado diversas consequências negativas ao meio ambiente. O cenário também atinge a construção civil: de acordo com o relatório da Sustainable Buildings & Climate Initiative(UNEP SBCI), o setor é responsável pela emissão de 30% dos gases de efeito estufa e por 40% da energia consumida no mundo. Nesse contexto, alguns grupos e organizações tentam desenvolver sistemas construtivos diferenciados que atendam às necessidades de habitação do homem moderno, mas preservem o meio ambiente e os recursos naturais.
As edificações sustentáveis se popularizaram a partir de 1973, ano da crise do petróleo. No início, buscavam-se edifícios com mais eficiência energética. Hoje em dia, as construções também tentam reverter o entulho gerado pela obra, o uso excessivo de água, o lixo dos moradores e usuários e as emissões de Dióxido de Carbono (CO2) e gases poluentes. Basicamente, uma obra com sustentabilidade deve ser responsável por tudo que consome, gera, processa e descarta. Os responsáveis também devem ter a capacidade de planejar e prever todos os impactos que a edificação pode provocar, antes, durante e depois de sua vida útil.
Em um cenário ideal, o edifício sustentável visa autossuficiência, ou seja, deve conseguir gerar e reciclar os recursos necessários dentro do seu próprio sítio de implantação. Alguns pesquisadores e sistemas de avaliação e certificação delimitam diretrizes gerais para esse tipo de construção: planejamento sustentável da obra, aproveitamento passivo dos recursos naturais, eficiência energética, economia da água, gestão consciente dos resíduos da obra, qualidade do ar e do ambiente anterior, conforto termo-acústico, uso e escolha racional dos materiais, busca de tecnologias ambientalmente amigáveis.
A escolha dos materiais para a obra deve obedecer vários critérios que podem os classificar como sustentáveis, como origem da matéria-prima, extração, gastos energéticos, emissão de poluentes, biocompatibilidade, durabilidade e qualidade. É fundamental evitar o uso de materiais que possam causar problemas ambientais, como o PVC (policloreto de vinil) e o alumínio. O descarte dos resíduos também deve ser feito de forma consciente, em espaços adequados, quando a reciclagem ou o reúso são impossíveis.
Para Márcio Augusto Araújo, consultor do Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica (IDHEA), observar as etapas e diretrizes para se chegar a uma obra sustentável é importante, mas o processo é mutável e está em constante evolução: “Não há uma ‘receita de bolo’ para uma obra sustentável, mas pontos em comum que devem ser atingidos. É a partir do local de implantação e de todas suas interações, sejam elas ecológicas, sociais, econômicas, biológicas e humanas, do perfil do cliente e das necessidades do projeto, que a obra é definida”.
Por Marina Torres – Facto – Agência de Conunicação