Pensando no futuro: soluções para a escassez de água no mundo
Essencial para sustentar a vida, o desenvolvimento humano e o ambiente, a água potável é um recurso renovável, mas finito. Três quartos do nosso planeta são compostos por água, 97,5% estão presentes nos oceanos e somente 2,4% da água é doce. Considerando a parcela de água doce, é estimado que apenas 0,007% estejam disponíveis para o consumo. No Brasil, 84% dos recursos são usados na agricultura, 9% no uso urbano e 7% na indústria no Brasil, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA).
Outro dado relevante sobre a água é o nível estimado de consuntibilidade, a capacidade de consumo de bens finitos: estima-se que 20% dos recursos são desperdiçados e se perdem nos processos diários de utilização, impossibilitando reúso posterior. É consenso na comunidade científica que a água potável não é um bem natural irrestrito e que, em um futuro próximo, não haverá oferta suficiente para suportar o modelo cultural de consumo e produção da sociedade contemporânea.
Apesar da importância dos recursos hídricos para a manutenção da vida no planeta terra, pouco é feito para conter o desperdício ou uso excessivo. Sociedade, governo, empresas e indústrias, que controlam as estruturas de produção, deveriam agir em prol de um processo de conservação plena. Como salienta o ambientalista Al Gore no livro “The Assault on Reason”, “em um sistema organizado para uma economia sustentável, na qual a produção está preocupada com o ambiente, os recursos naturais não seriam esgotados em função das necessidades de consumo”. Nesse modelo, o crescimento econômico estaria centrado na disponibilidade dos recursos e na renovação contínua.
Algumas iniciativas criativas e inteligentes podem diminuir expressivamente o gasto de água no espaço urbano, na indústria e na agricultura. O reúso de água e o aproveitamento da água da chuva são alternativas sustentáveis para atividades que não precisem do recurso na forma potável, como para molhar plantas, lavar calçadas e carros, usar na descarga. Na indústria, a água reutilizada também serve para processar, lavar e arrefecer o maquinário produtor.
Alguns sistemas já possibilitam a filtração de água da chuva. Depois da captação nos telhados e calhas, a água é filtrada e dirigida para um reservatório de água subterrâneo ou externo, que a mantém livre de bactérias e algas durante um longo período. O sistema pode ser aplicado em residências em construção e em casas já construídas. Além de aproveitar a água da chuva, o consumidor pode ajudar ao economizar o recurso em atividades diárias: trocar as válvulas hidro-assistidas de descargas por caixas acopladas ao vaso sanitário com limitador de volume, sempre usar o volume máximo de roupas da máquina de lavar, reduzir a vazão de água do chuveiro ou ducha.
Por Marina Torres