Mais sustentabilidade e previsibilidade, menos riscos e custos
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A construção civil brasileira representa mais de 6% do PIB nacional, e o faturamento anual deste setor está na casa dos trilhões. Mas, de acordo com dados do IBGE, é uma das áreas que menos inova no país, com um percentual de inovação limitado a 29,6%.
Nesse cenário, existem desafios e barreiras para trazer novas metodologias e tecnologias não só ao canteiro de obras, mas também à nossa maneira de pensar, organizar e executar projetos de engenharia.A metodologia BIM é uma dessas inovadoras mudanças que, em breve, deixará de ser novidade para se tornar a realidade de projetos de engenharia. Do inglês, Building Information Modeling, em tradução livre: Modelagem da Informação da Construção, o modelo é uma maneira eficiente de reunir, em um só lugar, todas as informações de uma obra de forma organizada, objetiva e, principalmente, integrada. Através do BIM é possível acessar e compartilhar dados de forma fácil e em tempo real.
O BIM reúne a modelagem de outros conceitos que vão além do tridimensional e do modelo físico do projeto, como o tempo (BIM 4D), os custos (BIM 5D) e as informações do ciclo de vida da construção (BIM 6D). Este último contém as informações de operação e controle de equipamentos e sistemas; planos de manutenção; garantia e dados de fabricantes e fornecedores.
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BIM 6D: a marca da sustentabilidade
O BIM 6D é considerado o modelo da sustentabilidade, porque além de conter toda as informações geradas durante o processo de entrega de um edifício, ele também leva em consideração o tempo de vida útil de sistemas e equipamentos que integram o projeto.
A tecnologia, que otimiza em muitos aspectos o trabalho de uma construtora, permite a visualização em tempo real de cada alteração e atualização no projeto, que são compartilhadas com todos os envolvidos e ficam armazenadas em um histórico completo e detalhado.Aumento de produtividade, redução de custos, fidelidade ao cronograma e controle de processos são algumas das vantagens deste novo modelo. Mas o BIM 6D vai além de calcular o material e tempo necessários para cada etapa da obra. Esta dimensão da modelagem foca na sustentabilidade dos ativos, agregando e monitorando informações acerca de fabricantes, cronogramas de manutenção, como operar sistemas em desempenho atual, vida útil esperada e dados de desativação.
Todos esses aspectos ajudam a planejar as atividades de manutenção de um edifício ou data center com até anos de antecedência. A longo prazo, é possível reduzir significativamente os unknown costs ao passo que o projeto ganha muito mais previsibilidade. As atividades de manutenção podem ser pré-planejadas e também é possível desenvolver perfis de gastos durante a vida útil do ativo.
Com o BIM 6D, há muito mais visibilidade da relação custo-benefício na hora, por exemplo, de comprar equipamentos e materiais. As informações sobre tempo de vida útil e cronograma de manutenção possibilitam a escolha de um fornecedor com uma garantia de manutenção maior ou cujo equipamento sobreviva mais tempo em operação. Isso porque é possível calcular o custo do projeto ao longo do tempo, mesmo depois de sua entrega.
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N dimensões
Atualmente, o mercado da construção civil já fala outras dimensões do BIM, como BIM 7D, 8D e até 10D. Cada nova camada de informações acrescentada ao modelo é considerada uma nova dimensão. Isso só serve para nos mostrar que este modelo é vivo, orgânico e adaptável. Esta característica do BIM faz com que este seja o modelo que tem mais chances de nos acompanhar em um futuro de transformações e inovações – justamente porque, ao invés de refutar as mudanças, ele as abraça.
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O BIM 6D na prática
O conceito BIM 6D está sendo utilizado atualmente para gerir e executar os Data Centers dos Centro de Operações Espaciais Principal (COPE-P) em Brasília, e o Secundário (COPE-S) no Rio de Janeiro, que dão suporte ao Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC) da Telebras.
Os COPEs são obras com grande complexidade em todas as suas etapas. E o modelo BIM 6D foi utilizado para gerir e integrar arquitetura, segurança e redundância dos Data Centers, por exemplo.
O projeto, que tem como objetivo levar internet em banda Ka a milhares de brasileiros por meio do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), foi e continua sendo executado com excelência, sem exceder custos nem cronograma.
Outra vantagem desta metodologia é a transparência de informações. No caso dos Data Centers do COPE-P e do COPE-S, por se tratarem de obras públicas realizadas por licitação, a prestação de contas clara e transparente é fundamental, pois é também uma prestação à sociedade brasileira.
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Um investimento com frutos duradouros
Para conseguir implementar o BIM 6D em ambas as obras, foi necessário investir em organização e treinamento especializado da equipe. Um desafio abraçado inteiramente pelos colaboradores, que conseguiram levar 100% da modelagem desta obra de missão crítica para a realidade BIM.
Um projeto da magnitude do COPE, com incontáveis detalhes e exigências técnicas, e com uma grande relevância nacional, traz consigo um igualmente grande senso de responsabilidade. Mas com ele, foi possível alcançarmos o domínio da tecnologia BIM em um nível de excelência.
Desde então, seguimos atuando em projetos desafiadores, de missão crítica, sem perder nosso olhar para a otimização de resultados e para a inovação. Seguimos em constante movimento.